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Ainda tem dúvida sobre bitcoin? Confira perguntas e respostas

O G1 publicou na sexta-feira (14) uma reportagem sobre a moeda virtual "bitcoin". A reportagem incluía uma explicação sobre o funcionamento técnico da moeda, o que gerou muitas dúvidas. Se você não entendeu, não se preocupe: bitcoin é complicado mesmo. Mas você não precisa entender tudo para usá-lo com segurança. Para você que ainda tem dúvidas, a coluna Segurança Digital preparou este guia no formato "perguntas e respostas". Vamos lá. 1. De onde vem o valor do bitcoin? O que estabelece o valor do bitcoin é a regra básica da economia: oferta e procura. O número de bitcoins em existência é limitado e as pessoas querem comprar bitcoin, seja como forma de poupança, com a intenção de revenda (investimento) ou para realizar transferências e compras, locais ou internacionais. Diferente da moeda comum, não há a obrigação de aceitar bitcoin como forma de pagamento ou quitação de dívidas em nenhum lugar do mundo. Por esse motivo, o bitcoin hoje tem apresentado grande volatilidade, variando de acordo com a utilidade, especulação e novas regulamentações em cada país. Essa variação é um tanto semelhante à do real em relação a moedas internacionais e inflação - com o agravo de que o mercado do bitcoin é menor, o que significa que pequenas "turbulências" chacoalham bastante o mercado. 2. Se o 1 bitcoin (BTC) vale R$ 1.600, eu preciso desembolsar isso para usar bitcoin? Não. Um bitcoin pode ser dividido em várias partes, muito mais que os centavos de um real. Você pode comprar uma pequena parte de uma moeda. A menor parte de um bitcoin é chamada de "satoshi". Um único bitcoin tem cem milhões de satoshis (0,00000001 BTC). O valor de um satoshi, com o BTC a R$ 1.600, seria de R$ 0,000016. Comprando 10 mil satoshis, você pagaria R$ 0,16. Mesmo o bitcoin custando R$ 1.600, nada impede você de pagar um café com bitcoin. Dito isso, existe uma moeda de funcionamento quase idêntico ao do bitcoin que foi feita exatamente para transações de valor menor: o Litecoin. 3. O que faz um minerador? Ele produz dinheiro? O termo "minerador" é bastante ruim, uma analogia falha com a ideia de "minerar ouro". Na verdade, trata-se apenas da validação de transações com bitcoin, seguindo regras totalmente arbitrárias de tal forma que um novo bloco de bitcoin seja gerado a cada 10 minutos. A reportagem do G1 já explicou em termos mais precisos o que um minerador faz. Em termos simples, a mineração é uma loteria. O minerador precisa achar um número que, seguindo regras da rede, resulte em um "bloco" aceito. Esse bloco contém as transações (ou seja, o minerador valida diversas transações de uma só vez). Cada "aposta" nessa loteria tem um custo computacional bastante grande. É por isso que computadores domésticos comuns não têm muita chance de competir. Mineradores profissionais fazem uso de supermáquinas para conseguir o maior número de tentativas no menor período de tempo. Ou seja, embora, por sorte, você possa conseguir acertar o número, na prática há pessoas que estão em grande vantagem porque podem tentar muitas vezes mais que você - eles estão fazendo um bolão, e você está com a aposta mínima, por assim dizer. É importante enfatizar o detalhe: esse trabalho todo dos mineradores é somente necessário para dar ordem ao bitcoin. Em vez de cada transação ficar isolada, elas são incluídas nesses "blocos" que levam 10 minutos para serem gerados graças a essa dificuldade imposta. O prazo de 10 minutos diminui o número de blocos gerados, o que deixa a rede mais organizada. Se cada transação ficasse isolada, seria difícil determinar qual veio primeiro; o resultado é que uma pessoa poderia gastar a mesma moeda diversas vezes, havendo um conflito. A quantidade de dados seria muito grande e a rede não conseguiria decidir uma ordem. A complexidade permite que o bloco leve 10 minutos para ser gerado, dando tempo para que dados sejam agrupados e tentativas de gastar a mesma moeda duas vezes sejam bloqueadas. Conflitos também podem ser resolvidos. Fora a complexidade, nada impede que um novo bloco seja gerado a cada 10 segundos, por exemplo. Logo, essa "loteria" computacional é a forma que rede impõe regras para si mesma e se organiza. Por "ganhar" a loteria e ajudar a rede a manter a ordem, o minerador pode ficar com 25 bitcoins (hoje) e o que ficou de "troco" das transações do bloco. Como o minerador já recebe 25 bitcoins, isso significa que as transações de bitcoin hoje não precisam deixar nada para o minerador. No futuro (ainda bem distante), o número de bitcoins gerados irá diminuir, até que a geração de novos bitcoins seja eliminada. Nesse momento, as transferências terão de fornecer algum "troco" para o minerador receber de recompensa. Caso contrário, ele não terá incentivo para incluí-las no bloco que montou. 4. Mas 25 bitcoins valem cerca de R$ 40 mil. É isso mesmo? Sim. A cada 10 minutos são distribuídos R$ 40 mil em bitcoins, na cotação atual. O minerador que resolveu o bloco fica com tudo. Você pode deixar seu computador trabalhando por dias e não receber nada, apenas ter custos com energia elétrica. Máquinas profissionais para minerar bitcoin podem ultrapassar US$ 10 mil (R$ 23 mil) e usar mais de 1000 Watts de energia (para fins de comparação, um computador comum usa cerca de 200 W, com uma máquina doméstica bem potente usando 600 W). Elas usam chips de processamento específicos para o tipo de cálculo que o bitcoin faz, para os quais uma máquina comum não é ideal. Uma máquina, vendida pela "Virtual Mining Corp", pode ser expandida até usar 20.000 Watts, a um custo de mais de US$ 50 mil (R$ 120 mil). Mesmo com uma máquina dessas, pode levar um mês para conseguir um único bloco - mas ainda é uma loteria, então continua sendo possível ficar sem nada. 5. Se eu não posso minerar, como consigo bitcoins? Existem diversos serviços que trocam bitcoins por moeda comum, como reais, dólares e euros, e vice-versa. Normalmente, há taxas para fazer essa conversão. 6. Se eu pago taxas para fazer a conversão e a pessoa que recebe, para converter novamente, qual a vantagem? Como as duas operações ocorrem em moeda local (por exemplo, real para bitcoin, e bitcoin para iene, em uma transferência para o Japão), as taxas e a burocracia podem ser menores em algumas ocasiões. Caso o número de locais que aceitam bitcoin aumente, ela poderia se tornar uma "moeda internacional", útil em qualquer lugar. É possível usá-la como moeda para viajar ou como reserva temporária para não ficar sujeito ao câmbio no retorno de uma viagem internacional. É preciso avaliar caso a caso quando o uso do bitcoin é vantajoso. Para diminuir os riscos com volatilidade, ele pode ser usado logo após adquirido. 7. O bitcoin é um esquema de pirâmide? Não, porque o bitcoin não é um negócio para ganhar dinheiro. Esquemas de pirâmide acontecem quando pessoas que entram nele mais cedo ganham dinheiro, enquanto quem entrou por último perde, sustentando quem entrou primeiro. A mineração beneficiou imensamente as pessoas que entraram na rede mais cedo, porque era muito mais fácil e barato participar na "loteria". Além disso, as recompensas em bitcoins eram maiores. Mas quem minerava e gastava suas moedas no início com certeza não ficou rico, porque cada bitcoin valia apenas alguns centavos. Mas o bitcoin não é um negócio de pirâmide, porque o objetivo final não é a mineração e sim o estabelecimento de uma moeda livre de controle do governo. O dinheiro que se "paga" para entrar no bitcoin não promete retorno. É apenas uma conversão. Você ainda tem o seu dinheiro (em bitcoin) e pode transferi-lo ou usá-lo na aquisição de produtos e serviços. Investir em bitcoin é como investir na bolsa de valores ou no câmbio: há grandes riscos e a possibilidade de perder dinheiro. Não é nada garantido como a poupança. No entanto, se você souber quando comprar e vender, é sim possível ganhar bastante dinheiro. E a regra é a mesma para todos, não importa quando adquiriram o primeiro bitcoin. 8. Na prática, como se usa o bitcoin? Você instala um software em seu computador ou celular e segue instruções para criar seu par de chaves criptográficas. Isso lhe dará um "endereço bitcoin", como se fosse um número de conta corrente. Em seguida, você adquire bitcoins em algum lugar e fornece seu endereço para recebimento - você pagará por esses bitcoins normalmente, usando um boleto ou cartão de crédito. Aí você já é dono de bitcoins. Quando for pagar algo, basta usar o software e fornecer o endereço bitcoin do destino e o valor. Sua transação vai para a rede para ser acomodada em um bloco. Quando esse bloco for finalizado após a loteria de mineração, a transferência está finalizada. Endereços bitcoins podem ser representados por códigos de barra, o que é útil para leitura e uso do bitcoin no celular. O procedimento é o mesmo, com a diferença que a câmera do celular será usada para ler o endereço bitcoin. Ou seja, basta ter o aplicativo no celular, ler o código de barra, digitar o valor e aguardar. 9. Qual o risco do bitcoin? Caso alguém controle uma grande parte do poder de mineração do bitcoin, o que é aceito e o que não é aceito nos blocos poderia ser controlado por uma só pessoa, criando um ponto central de controle - exatamente o que o bitcoin tentou evitar. Além disso, nesse cenário, poderia ser possível que uma moeda seja gasta mais de uma vez. Todos esses ataques, no entanto, são hipotéticos. Não há registro de qualquer tentativa de manipulação do bitcoin dessa maneira. O bitcoin também sofre de riscos legais, como a proibição, que afetam a utilidade da moeda. Isso por sua vez pode diminuir a procura pelo bitcoin, o que leva à redução do valor e à volatilidade. 10. O que é a "maleabilidade de transação" que permitiu o roubo de 4.400 bitcoins? Na semana passada, a reencarnação do site de venda de drogas ilícitas "Silk Road", notório por seu uso de bitcoin, foi hackeada e perdeu 4.400 bitcoins - um valor que ultrapassa os dois milhões de dólares. Os hackers fizeram isso sem nenhum acesso aos servidores do Silk Road; em vez disso, usaram um recurso do próprio bitcoin chamado "maleabilidade de transação". A maleabilidade de transação permite que o identificador de uma transação seja alterado após ela já ter sido propagada pela rede. Como o bitcoin leva cerca de 10 minutos para validar uma transação e existe a possibilidade de que uma transação tenha de ser refeita caso fique em um chamado "bloco órfão", sistemas que conferem saques em bitcoin precisam identificar de alguma forma quando uma transação foi finalmente concluída. Alguns sistemas, incluindo o Silk Road, fazem isso procurando apenas o identificador de transação. O problema é que o identificador da transação não faz parte do conteúdo assinado digitalmente e pode ser manipulado. Dessa forma, um hacker pode impedir o sistema de saque de confirmar que a transação ocorreu com sucesso, propagando a mesma transação com um identificador diferente. O sistema não vai encontrar a transação original e tentará então fazer a transferência novamente; a cada vez, o hacker receberá mais moedas, e seu saldo nunca será descontado porque, do ponto de vista do sistema, a transação está falhando a cada tentativa. Não se trata de uma "falha" do bitcoin, mas sim um funcionamento pouco intuitivo para programadores que estão criando sistemas que interagem com ele. Em quase todo tipo de sistema, um identificador pode ser confiado; no bitcoin, não. Sistemas de saques podem impedir o ataque realizando uma verificação de transação que não dependa exclusivamente do identificador.

Categoria: Noticia | Visualizações: 1037 | Adicionado por : souza | Ranking: 0.0/0
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